HONRA AO MÉRITOPersonalidades

JACKSON MARTINS – PRODUTOR CULTURAL / MUSICAL

Retirante, desbravador e vivente: A Carreira do produtor musical Jackson Martins

‘Velho Coiote’ como é chamado pelos amigos deixou a carreira de bancário para desbravar o Brasil levando música e cultura de norte a sul.

Ah a Música Popular Brasileira, faz viver, emocionar, inspira, apaixona! E fez de Jackson Martins um apaixonado! O enlaçou de uma forma inexplicável que o virou do avesso. Transformou o mineiro em todos os sentidos. O fez carregar consigo a missão de uma vida inteira, com ousadia e autoconfiança, ele escolheu viver e realizar seus sonhos para carregar na sua bagagem histórias encantadoras. Foi por causa da música que Jackson abandonou a vida profissional de bancário no Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), para se tornar produtor musical, e quem diria é atualmente um dos melhores do Brasil.

No cenário musical desde 1979 e há 35 anos trabalhando com MPB, Jackson vive mundano, as estradas do Brasil conhece de norte a sul, e já reuniu nos palcos de todo o país os maiores nomes da música brasileira. Produziu Belchior por 14 anos, além de ícones como Zé Ramalho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Fagner, Beto Guedes, Saulo Laranjeira, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Paulinho Pedra Azul, Renato Teixeira, Almir Sater, Vander Lee, Luiz Melodia, Ana Carolina, Oswaldo Montenegro, Lo Borges, 14 Bis, Sá e Guarabyra, Tunai, Paula Fernandes, Vitor e Léo, entre outros.
“Faço o que gosto, além disso, é sempre uma honra produzir ícones da boa música, artistas que fizeram história no país e no mundo. Viajar pelo Brasil e ter a oportunidade ímpar de conviver e conhecer o nosso povo com a sua diversidade cultural em todos os aspectos, e ainda estar em contato com minha aldeia, representa para mim acesso ao conhecimento das coisas! É como viver na prática todas as narrativas de Darcy Ribeiro, Euclides da Cunha, Ariano Suassuna, Elomar Figueira Melo e tantos outros brasileiros que falam de um Brasil profundo, onde poucos conhecem”, comentou.

Aventureiro e retirante – como ele mesmo diz – mudou-se da casa dos pais em Araçuaí, sudeste de Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, aos 16 anos, para buscar por oportunidades em Belo Horizonte. Por lá estabeleceu uma relação com a cultura na sua expressão maior: teatro, música e educação. Conheceu nomes importantes no segmento cultural que influenciaram de forma definitiva na carreira como produtor musical.

“Nascido na região do Vale do Jequitinhonha, local onde a cultura é latente, sempre estive inserido com a arte em geral, mas durante minha jornada de dez anos no banco tive a oportunidade de trabalhar e morar em São Luís no Maranhão e lá tive uma ótima relação com o meio artístico, voltando para Belo Horizonte fui convidado pelo artista mineiro Celso Adolfo a iniciar como produtor musical, foi quando estabeleci uma afinidade intensa com a cultura”, disse Jackson Martins.

Jackson escolheu proporcionar sorrisos, realizar sonhos e dar emoção as pessoas. Mas por causa disso precisou abdicar da presença diária com a família. No entanto, segundo ele, nunca houve problema, soube conciliar e apesar da ausência física, buscou estar por perto sempre. De lá pra cá, várias cidades brasileiras foram morada do produtor de eventos: São Paulo, São Luís no Maranhão, Campinas, Fortaleza, Almenara, porém foi em Belo Horizonte que ele decidiu viver e mora atualmente junto aos familiares.

“Estou sempre indo e vindo, a vida é uma estação! Tem gente que chega, tem gente que sai e como diz o poeta Belchior: Viver é melhor que sonhar, e eu já nasci retirante. Mas nunca foi problema para minha família, conciliar trabalho com família é uma química boa e eles sempre foram à base de tudo! Tanto é que atualmente trouxe todos para Belo Horizonte, pais e irmãos”, finalizou.
  Projetos e shows

Produtor musical dos maiores nomes da música brasileira, Jackson também foi autor de festivais inesquecíveis que marcaram épocas e fizeram história no país. Segundo ele, os projetos que mais trouxeram satisfação pessoal foi o “Cantoria” no ano 2000 e o “Canto pela Paz” em 2003.

De acordo com Jackson Martins, o projeto “Cantoria” reuniu Geraldo Azevedo, Elomar, Vital Farias e Xangai para cantarem juntos nas principais cidades e capitais do Brasil, entre Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Vitória, Salvador, Aracaju, Natal, Uberaba, Uberlândia, Ilhéus e muitas outras.

“Foi uma experiência única viajar com eles e fazer esse projeto acontecer! Colocar juntos no mesmo palco quatro cantadores que representam o universo musical do cancioneiro nacional, foi maravilhoso. Foram momentos de grande empatia dos artistas com o grande público! A música em seu estado de harmonia e celebração”, afirmou Martins.

Além deste, o “Canto pela Paz”, no Palácio das Artes em Belo Horizonte também emocionou o produtor musical. Beto Guedes juntamente de Tadeu Franco e Vander Lee cantaram juntos em apelo à paz mundial. Em 2003 o mundo vivia a Guerra do Iraque.

“Foi uma noite inesquecível! Os cantores se reuniram para fazer um apelo à paz dos povos, além ainda de alertar sobre os cuidados com a natureza”, comentou.

Outro projeto também realizado pelo Jackson Martins e de muita importância para a história de Minas Gerais, foi o show beneficente dos músicos Fagner e Paulinho Pedra Azul no Minascentro em Belo Horizonte, em prol das vítimas do desastre de Mariana ocorrido por causa do rompimento da barragem de Fundão, da empresa Samarco Mineração.

“O que ocorreu no distrito Bento Rodrigues deixou todos nós com muita tristeza. É impressionante ver como o homem é capaz de destruir coisas belas sem pensar no amanhã. Fagner e Paulinho Pedra Azul foram os artistas que fizeram o show para minimizar o sofrimento do povo de Mariana. Ajudar o próximo é o mínimo que podemos fazer para um mundo mais justo e fraterno. Foi uma noite inesquecível!”, concluiu Jackson.

Clube da Esquina

A nossa “Gerais” é riquíssima em cultura e arte, e Jackson Martins com certeza deve se orgulhar disso, pois esteve inserido diretamente desde a ascensão da mineiridade musical. Além de ter produzido nomes importantíssimos na história da música do Brasil, ele também fez história junto aos maiores músicos mineiros. Produziu Beto Guedes, Lo Borges, Tavinho Moura e Toninho Horta, artistas que são peças essenciais na fundação da famosa esquina de Santa Teresa em Belo Horizonte, o “Clube da Esquina”, que foi berço de canções emocionantes que deram voz a cultura do estado e projetou a carreira musical de muitos músicos do movimento.

“É sempre uma honra trabalhar com tantos nomes importantes da música mineira, além destes trabalhei com vários outros cantores que apesar de não participarem, foram influenciados pela música do Clube da Esquina”, disse Martins.

No caminho, histórias e muitos amigos do coração

Percursor da ascensão da música mineira e de dar voz a diversos cantadores de Minas Gerais e do Brasil, Jackson Martins coleciona histórias e pessoas especiais. A Revista Official Chic foi atrás de amigos do produtor, que nos revelaram a importância do Jackson na música brasileira, além ainda de nos contar histórias que os marcaram na vida:

_Parceiro em levar a boa música para diversos estados do país, Paulinho Pedra Azul, músico de renome das “Gerais” e autor de cerca de 200 telas a óleo e acrílico e 15 livros é um dos admiradores do produtor musical. Junto com Jackson já realizaram diversos sonhos e projetos ele define o produtor como “um defensor dos direitos do artista, um missionário, que se entrega de corpo e alma no que faz. Um amigo nas horas difíceis, ele é a tradução da alegria e da paz”, afirmou Paulinho.

_Além de Paulinho Pedra Azul, o artista plástico Fernando Pacheco, também mineiro e de renome internacional nos revelou sobre a importância de Jackson Martins na vida dele. De acordo com o artista, Jackson e ele são irmãos de “dente de leite”, e já vivenciaram momentos inesquecíveis.

_“Brinco que somos irmãos de “dente de leite” porque temos o Lederson Bignoto como amigo e dentista comum (risos), mas, além disso, porque somos eternos meninos. O Jackson, ‘velho coiote’, é humano, simples e amigo, mas também sabe aonde quer chegar. Corre atrás, cumpre o que combina e sabe também exigir o que é seu de direito”, comentou o artista plástico.

_Fernando ainda informou que o produtor musical foi responsável por levar o filho Eduardo Ladeira, compositor, vocalista e guitarrista da banda pop Roch Lobos de Calla aos palcos de Minas, o que para ele, confirmou o lado desprendido e generoso de Jackson em apostar e prestigiar novos talentos.

Porém, além de nos revelar a admiração pelo produtor Jackson Martins, Fernando Pacheco contou à Official Chic que vivenciou um momento muito marcante junto ao produtor musical. Quando em uma turnê entre Belchior e Jackson, o artista plástico ficou vislumbrado com o amor dos fãs, que mesmo com pouco dinheiro se sacrificavam para estar presente aos shows do ídolo.

“Em uma dessas turnês do Belchior, grande amigo e admirador de minha pintura, ele foi até minha casa e vendo as pinturas em pequenos formatos, foi selecionando várias delas para sua coleção. Então convidou a mim e Nina, minha esposa, para irmos até ao hotel onde Jackson estava hospedado para fazer o acerto financeiro da compra. No hotel ficamos os aguardando por muito tempo até que o Bel surgiu com uma grande sacola de pano, com a boca amarrada e disse: Está aqui o pagamento pelas pinturas. Nos despedimos sem abrir a sacola e fomos para casa. Chegando lá a abrimos e nos deparamos com todo o pagamento em espécie de notas de um, dois, cinco e dez reais, notas velhas, amassadas, que manifestava o amor do fã, que muitas vezes se sacrifica, para não perder o show. Aquele dinheiro era da bilheteria que o Jackson acabara de acertar com o Bel. Eu e Nina choramos ao ver aquilo e nunca mais nos esquecemos”, finalizou.

_Mas não foi só Fernando que viveu momentos inesquecíveis ao lado de Jackson, Celso Adolfo, o responsável por abrir as janelas para o novo mundo do produtor musical, também informou ter vivenciado uma experiência jamais esquecida. Ele que é violonista, cantor, compositor e amigo de Martins, informou à Revista Official Chic que esteve presente nos primeiros projetos de produção de Jackson no Vale do Jequitinhonha.

“Conheci Jackson ainda bancário, quando ele aprendeu o valor do trabalho. Depois trocou a profissão para produzir MPB. Foi com ele que fiz a minha primeira noitada no Vale do Jequitinhonha, região que é dele e aonde ele iniciou os trabalhos de produção musical. Por lá fizemos uma série de shows”, comentou o músico.

De acordo com Celso, em um desses shows, os dois foram tocar em Araçuaí, cidade natal de Jackson. Na cidade Adolfo afirmou ter vivenciado um dos principais momentos da vida em cima do palco. “Durante a turnê de shows no Vale do Jequitinhonha subimos para a terra natal do Jackson e lá interpretei minhas canções num palco iluminado por lâmpadas fluorescentes. Mas acontecia outro show sob luzes mais bonitas. A apresentação era a céu aberto, a noite estava quente e estrelada, a nossa via láctea sentindo-se a única beleza do espaço sideral. De repente eu me lembrei de ‘Aldebaran’, uma canção inédita que eu havia feito pela manhã, momento que, exceto para a imaginação, é impróprio para ver estrelas. Show andando, apontei a constelação taurina e facilmente estava visível ‘Aldebaran’, a estrela da minha manhã, inspiradora da nova música. Olhos firmes no firmamento dividiram uma viagem em que eu alcancei o momentâneo sossego que a música dá. Aquela noite, a cidade e a plateia me levaram a uma concentração e a um raro ponto de emoção”, disse.

_Jackson com certeza fez e faz morada em vários corações nestes caminhos de produção musical, no entanto o poeta e contador de “causos”, Tadeu Martins, que também é do Vale do Jequitinhonha e compartilha o mesmo amor de Jackson pela região, nos revelou uma história ainda da época em que o produtor era bancário. Segundo ele, a amizade entre os dois começou após Tadeu enxergar a riqueza e dignidade de Jackson durante o atendimento no Banco do Estado de Minas Gerais.

“No Bemge eu vivi uma triste realidade, um retrato de imbecilidade. Eu estava na fila e havia sido atendido por Jackson. Faltava uma assinatura do gerente. Ele pediu que eu pegasse a assinatura e que voltasse depois, sem precisar entrar novamente na fila. Após a assinatura retornei direto ao caixa e ele me atendeu. Uma madame que estava na fila, dispunha de baixíssima inteligência e sensatez e reclamou que Jackson estava permitindo que eu furasse a fila, eu expliquei, Jackson explicou, mas ela estava possessa e não queria entender. E o agrediu dizendo que ele estava agindo assim porque era negro, que negro só fazia coisas erradas. Nós não acreditávamos no que ouvíamos. Mas ali conheci a dignidade e a riqueza do meu irmão. A sua forma de agir, mereceu aplausos. Ele não entrou no clima da agressora e foi carinhoso com quem o agrediu tão grosseiramente. Naquele momento eu tinha certeza que estava diante de um grande ser humano. Um cidadão do bem, coração antenado com as melhores estações da vida. Para este amigo eu tiro o chapéu”, comentou Jackson.

_Por fim Tadeu informou que após longos anos de amizade, ele vê em Jackson um grande parceiro, que está sempre buscando realizar seus sonhos e a levar para todos os cantos do país cultura e arte, sem cair no modismo, fazendo apenas o que acredita.

“O Jackson, velho coiote, faz apenas aquilo que gosta e em que acredita. Não se deixa levar por modismos. É um grande companheiro, batalhador incansável e um semeador de sonhos”, concluiu o poeta, Tadeu Martins.

Com projetos consagrados da MPB nos últimos anos, Jackson promoveu eventos importantes em 2015 e 2016. Reuniu os dois maiores ícones da música brasileira Alceu Valença e Zé Ramalho em uma única noite. Realizou o “Encontro Marcado” com Sa e Guarabyra, 14 Bis e Flávio Venturini, além ainda de ter sido responsável por um dos projetos mais bonitos da música sertaneja, o “Tocando em Frente”, com os gigantes Almir Sater, Renato Teixeira e Sérgio Reis.

Lição de vida: Jackson por Jackson

Para a Revista Official Chic, Jackson deixou uma mensagem que é lição no seu dia a dia, para ele, a vida é um sopro e por isso não podemos perder a respiração, e que apesar dos desafios diários o melhor é seguir simples e em sintonia com a natureza.

“Viver é a arte maior! É um grande desafio! Ser simples é o melhor caminho para a plenitude e estar em comunhão com a natureza facilita nossa travessia. O cosmo será justo e generoso”, concluiu.

 

 

 

 

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