Casamento
Instrumento e toque. Piano dedilhado. Violão tocado. Suspiro de uma flauta. Deslizar de um acordeom. Transpirar sons sensíveis, notas que se encaixam. Elos sempre infinitos a criar e recriar. Eternamente, infinitamente… Como códigos de DNA, que não se repetem em uma mesma sequência. Como cadeias e elos únicos, únicos. Saem em cascatas as notas de uma canção, como salmos que também são músicas e exclamam com voz forte, e desespero, e eloquência, e depois, exaustos, se cansam e se rendem ao Poder Maior; ao que é Supremacia.
Fortes, como um rio que, sendo ele mesmo, perpassa por caminhos diversos e são, torrentes bravas e fortes e deslizam, suavizando sem avisar, em doces águas, em correntes de águas claras. Como amantes se tornam seres animados por paixão intensa e tão delirantes transbordam em suaves sons e movimentos mansos e calmos. Como os cantos tristes de uma ave solitária, que pela madrugada voa só, e descansa tonta de tanto vento, acordada com o canto de aves irmãs. Como o fôlego de animais em caça que saciados com a presa dormem indefesos e esquecidos de seu poder e magnitude.
Como rocha fria, imperial, derretendo branca com a neve ainda mais fria. Saem como gotas de lagrimas prontas a expressar a recriação; Recreiam em imenso colar, e enfeitam perto do coração. Enamoram, convencem, seduzem. Embalam ao estender uma rede tecida de estrelas, com gosto de caramelo que comi, com cheiro de praia que brinquei, com mãos de madrinha que ensinam, com calma de um colo de mãe e calor de manhã e sol nascendo; sons de trem passando pela estação, história de cães amigos, com donos de casas que não se fecham e brisa de um azul que nunca desbotou.
Por: Thais Sampaio Rezende