Official Chic Entrevista – Demétrio Magnoli
Jornalista, doutor em geografia humana e sociólogo. Brasileiro, autor de várias obras literárias e comentarista da Globo News.
1 – OFFICIAL CHIC – Está mais difícil as empresas exigirem comportamentos éticos de seus colaboradores com tamanha quantidade de desvios éticos entre os governantes e mesmo entre os gestores de empresas outrora respeitadas?
DEMÉTRIO MAGNOLI- Não, pelo contrário. A corrupção vem sendo desvendada em processos judiciais de repercussão nacional.Eles devem servir como exemplos nas empresas. Marcelo Odebrecht na cadeia, Dilma impedida e Lula indiciado mostram que o Brasil pode mudar.
2 – OFFICIAL CHIC – Em um mercado, vamos dizer, “infectado” pela antiética, as empresas cujos representantes agem de forma ética ganham o quê, exatamente, em termos institucionais? Vale a pena ser ético?
DEMÉTRIO MAGNOLI- No horizonte de curto prazo, não há vantagens evidentes. Mas, a prazo médio e longo, ganham muito. Primeiro, ganham o respeito de funcionários, colaboradores e clientes. Depois, firmam sua marca. No fim, ganham o direito de se pronunciar no debate público.
3 – OFFICIAL CHIC – Na sua opinião, o nível de intransigência entre as pessoas de diferentes correntes está atingindo um ponto insuportável. O nosso bolso está sendo atingido? Ou por que há uma das duas correntes insuflando a violência ou se trata do somatório das duas coisas? Por que?
DEMÉTRIO MAGNOLI- Por outro motivo. O lulo petismo, ao longo de 13 anos de poder, dividiu o país em “nós” e “eles”, a fim de deslegitimar a divergência. Os críticos do governo representariam a “elite”, a “elite branca”, os “interesses estrangeiros”. A pedagogia autoritária da intolerância disseminou-se a partir de cima. Os brasileiros “aprenderam” a debater como quem faz guerra – e revidaram contra o PT nos mesmos termos. Agora, o país tem que reaprender a debater e divergir.
4 – OFFICIAL CHIC – De que forma, no seu entendimento, essas condutas sociais de rixa, intolerância e falta de diálogo estão afetando o ambiente das empresas? O que você está enxergando, em termos de “comportamento das ruas” para o convívio entre as empresas?
DEMÉTRIO MAGNOLI – Há uma clara contaminação das relações pessoais e das relações no trabalho. A solução não é dizer que é preciso separar a esfera da política das esferas pessoal e profissional, pois isso equivaleria a dizer que a política pode continuar envenenada pela intolerância. No lugar disso, a solução é criticar a intolerância política, explicando que a divergência deve se organizar em torno das ideias, da substância, dos temas em discussão – não do pedigree partidário dos sujeitos que debatem.
5 – OFFICIAL CHIC – Do ponto de vista sociológico, que papel você entende que um líder de RH deva ter diante desse cenário? Ou seja, o que ele pode fazer para ajudar que a produtividade de suas pessoas não sofra decréscimo diante de um nível tão estressante de relacionamentos entre elas?
DEMÉTRIO MAGNOLI – É preciso que, sutil mas persistentemente, o RH veicule a mensagem sintetizada na resposta anterior.Não é fácil. O pessoal de RH não está treinado para isso. É tarefa a ser coordenada pela direção da empresa, junto com os responsáveis de RH e comunicação interna.
6 – OFFICIAL CHIC – A larga maioria dos analistas políticos e econômicos diz, apresentando fortes argumentos, que vivemos em um país “que não sabe para qual direção está indo”. Isto cria um ambiente esquizofrênico para os líderes. Ainda é possível eles serem inovadores e enxergarem “luz no fim do túnel” diante disso? De que forma?
DEMÉTRIO MAGNOLI – Há um curioso paradoxo aí. Temos, hoje, um largo consenso político (que só exclui os extremos à direita e à esquerda) sobre o rumo econômico e social. Há, ainda, um razoável consenso sobre uma reforma política mínima.
Falta, entretanto, uma liderança político-partidária com credibilidade para difundir esse consenso.
7 – OFFICIAL CHIC – Há muitas leis sociais polêmicas criadas nos últimos 13 anos. Uma delas pelos depoimentos que você dá em programas de TV, é a tal da Lei de Cotas. Em que sentido, esta lei, ao invés de defender uma raça, acaba, na verdade, sendo racista e gerando conflitos entre as pessoas?
DEMÉTRIO MAGNOLI – As leis raciais em geral, e não só as leis de cotas, baseiam-se num procedimento prévio que é a definição estatal da “raça” de cada indivíduo. Segundo a lógica delas, cada pessoa será rotulada como “branca” ou “negra” pelo Estado. Nessa rotulação encontra-se o ovo da serpente: a criação de uma identidade étnica oficial que divide os brasileiros e gera supostos “interesses de raça”.
8 – OFFICIAL CHIC – De que forma a superação do caos político em que vivemos (de um projeto do poder pelo poder por um projeto de maior transparência com a sociedade), poderá reoxigenar a nossa economia e, por consequência, fazer com que as empresas voltem a “ter saúde”?
DEMÉTRIO MAGNOLI – O passo crucial é restaurar o conceito de interesse público – ou seja, traçar uma fronteira entre a administração pública e os partidos. Não podemos ter estatais dirigidas por militantes políticos.
9 – OFFICIAL CHIC – Você ainda enxerga saída para que a política pare de afundar a economia e o mercado de trabalho em um país de diversidades como o Brasil? É possível ainda haver respeito? E qual seria, nessa sua saída imaginária, o papel de governos, empresários e trabalhadores, ou seja, dos três atores sociais envolvidos?
DEMÉTRIO MAGNOLI – Imediatamente, precisamos de muito pouco. Uma política econômica razoável, articulada em torno da recuperação do equilíbrio fiscal pela via da insuficiência para reverter a redução dos gastos estatais e o início de algumas reformas essenciais, como a da Previdência, são suficientes para reverter desconfiança, criar uma base de credibilidade e propiciar a retomada dos investimentos. Mas isso é só o começo. A médio prazo, precisamos de uma reforma do Estado e de uma ampla reforma política.
Isso é coisa para debater nas eleições de 2018.
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