HONRA AO MÉRITOPersonalidades

WALDECIR CÂNDIDO DA SILVA

Por: Mônica Garcia

O ano era 1981. Naquela época ele tinha 12 anos. Um garoto naquela idade não poderia se dedicar aos trabalhos na lavoura a menos que o pai pedisse ao juiz de direito autorização. A família era grande. A renda, nem tanto. Todos precisavam contribuir de alguma forma, e todos os oito filhos do Seu Josué Cândido da Silva e de Dona Geralda Maria de Jesus, trabalharam e ajudaram no sustento da família.

Trabalho não faltava. Mas, também não tinham como “escolher” o serviço. Waldecir Cândido da Silva, o (Cici), começou no corte de cana e na capina. Lá mesmo na vila da Usina Luciânia onde moravam. Deste serviço foi promovido para outro que ninguém queria. O lugar chamava-se BREJÃO.
Eu enquanto escrevo este texto que você está a ler agora, eu chego a pensar; até que ponto o ser humano é capaz de suportar o trabalho árduo para que seja digno do pão de cada dia…

O nosso personagem, é só mais um dos milhões de brasileiros que lutam como podem para manter a sua dignidade, os seus valores, os seus princípios e a sua fé na vida.
Voltando ao BREJÃO. Não é pra menos que o lugar fosse sinônimo de pavor. Lá na limpa do esgoto e durante a capina, nada era capaz de proteger a pele do trabalhador contra o PÓ DE MICO. “Praga que se espalhava por todo o corpo e fazia pinicar nuca, canela, cintura, o corpo inteiro…”

Dia e noite. Noite e dia… O banho não aliviava. Só a noite quando o sono roubava aquele corpo cansado, levava com ele tamanha fadiga e sofrimento que começaria novamente antes que o sol nascesse.

E foi assim por longos e duradouros três anos. Não adiantava se lamentar para o feitor. Não tinha a quem recorrer. Mantinha o foco na sua fé.
Este tempo passou…

Seu pai era operador de máquina na época em que ele foi trabalhar como ajudante de máquina de esteira. Tirava a folga de operadores de máquina e fazia a lubrificação dos veículos e máquinas de esteira. Esta foi a oportunidade de sair do corte de cana. De sair da vida na lavoura.
Dali, foi para a oficina da usina onde ficou até 1991 ano em que completou maior idade e pôde tirar a sua carteira de motorista.

Naquele mesmo ano seu pai foi acometido por um AVC e quando isso acontecia, a família tinha que sair imediatamente das dependências da usina. Mas, no caso deles, como ainda tinham muitos membros da família empregados na usina, ficaram até o final deste mesmo ano.

Ao se mudarem para Lagoa da Prata, foi se abrindo um leque de oportunidades para o trabalho. Como na construção civil e na Embaré, por exemplo.

Ao surgir o concurso público da prefeitura, Cici não pensou duas vezes. Fez o concurso e passou. Desde então foi trabalhar como motorista da prefeitura onde começou em 1994 e está até os dias atuais.

Começou trabalhando com o caminhão basculante. Depois com o transporte estudantil na zona rural onde ficou por três anos. Hoje, quando encontra com aqueles que eram crianças naquela época, o reencontro é festivo, cheio de lembranças boas… Muitos daqueles meninos já são homens feitos, casados e com filhos.

Ele saiu do transporte escolar para ir para a saúde, foi motorista de ambulância por 18 anos. Naquela época não tinha SAMU na cidade. Não era fácil vivenciar o sofrimento das pessoas. Mas, o Cici amava trabalhar ali e tinha uma paixão enorme por este serviço. Embora fosse cansativo ele sentia que ajudava estas pessoas e por isso era bom.

Era um serviço sem hora certa para começar ou acabar, ele era chamado de acordo com as demandas. Certa noite ajudou a fazer um parto, porque a paciente já estava dando à luz e não conseguiriam chegar com ela ao hospital. Ajudou a fazer resgates. Transferências de pacientes… E muitas vezes conseguiam salvar as pessoas. Em outras as viam morrer. Trabalho difícil. Mas que mostrava a cada segundo o quanto a vida é preciosa.

Arlete Maria Alves, sua esposa, e mãe dos seus filhos, ele conheceu ainda na vila da Usina Luciânia. Se casaram em 1995 e desde então começaram um trabalho social que os filhos do casal hoje ajudaram a abraçar.

O trabalho tem como objetivo tentar resgatar pessoas que foram dependentes de droga e de álcool e que buscam tratamento para se reabilitarem para que possam a voltar a viver em sociedade. Trabalho difícil, porque a sociedade condena, mas não sabe apoiar os recuperados. Falta sobretudo, emprego e oportunidade. Ainda existe muito preconceito.

Por meio deste seu empenho com recuperandos que membros da sociedade foi percebendo a necessidade de tê-lo no poder público. Viam nele uma possibilidade de buscar oportunidades para essa gente e ele então decidiu sair candidato a Vereador. Trabalhou sua candidatura em duas eleições, na segunda tentativa saiu vitorioso e neste ano de 2021 ocupa uma cadeira no legislativo da cidade.

Para chegar ao legislativo contou com a ajuda de pessoas que faziam parte dos grupos que ele e a esposa coordenava, como RCC- Renovação Carismática Católica, Grupo de Oração e Coordenação de Setor.

O então Vereador Waldecir Cândido da Silva, afirma que a sua postura dentro e fora da câmara municipal refletem os seus valores familiares e religiosos. Ele se dirige por estes valores, pela sua intuição e não se intimida.

Já os trabalhos com as comunidades terapêuticas estão parados por causa da pandemia. Acredita que se as pessoas enxergassem este problema não como um fato isolado, mas, como um problema social tudo seria diferente. Porque afeta todo mundo. Toda a sociedade. Então se o empresário, o povo, e a igreja não acolhe o recuperado, o traficante acolhe. É esta consciência que ele vai buscando trabalhar.

“Não somos os melhores, mas lutamos todos os dias para sermos melhores. Não somos santos, mas lutamos todos os dias pela santidade.”

Nunca bebeu. Nunca fumou. “Não é difícil viver assim. A vida sem vícios é maravilhosa.” Porque o sujeito não fica limitado em atender estes desejos, então fica livre para viver a vida e para sentir prazer com as mais variadas atividades. Viver é incrivelmente bom! “E tudo que atrapalhe o nosso desempenho e a nossa consciência deve ser banido. O vício, por exemplo.”

Cici, tem esperança em dias melhores. Levanta cedo todos os dias e trabalha duro para que isso aconteça. E diz ainda, que aquele menino lá da lavoura só não desanimou porque sempre teve fé em um Deus maiúsculo, que cuida, protege, ampara e dá forças para prosseguir.

A mensagem que ele deixa é de que, nunca, nada estará perdido, se o que te sustenta é a mão daquele que deu a vida por nós.

Fotos:01 e 02 ilustrativas.Fonte:Google.
Foto:03 acervo pessoal.
Foto:04 acervo revista Official Chic.

 

 

Comentários
Postagem anterior

BUFFET DIVINA GULA

Próximo post

BRASLIMP - INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE LIMPEZA

Mônica Garcia

Mônica Garcia

A revista Official Chic foi idealizada por sua proprietária, a Jornalista Mônica Garcia, para ser um veículo atemporal que dissemina a arte, a cultura, o empreendedorismo e com holofotes em empresas que se destacam em seus segmentos e nos profissionais que atuam de forma inovadora e diferenciada dentro das suas especialidades.
É também uma passarela artístico-cultural onde o poder da criação tem liberdade para apresentar todas as suas nuances.

As causas sociais e filantrópicas também são prioridade da idealizadora desta revista, sobretudo o autismo, que se tornou uma luta de causa e de vida!