Fabiana Melo – Fonoaudióloga
Fabiana Aparecida de Melo Lacerda, fonoaudióloga, formada pela Unifenas, no ano de 2000. É natural de Santo Antônio do Monte. Filha de Irailton Ferreira de Melo e Jutair Maria de Melo. Só tem um irmão, o Adriano José de Melo. Casada com Valdemir Dias Lacerda e tem um filho, que se chama Gabriel Henrique de Melo Lacerda.
Teve uma infância muito boa, tranquila. Brincava com as outras crianças e ia muito para a roça, passeava muito, aproveitou bastante. Seu pai era leiteiro e buscava o leite nas fazendas, ela o acompanhava para brincar com os filhos dos fazendeiros e traz consigo lembranças boas desta época.
Por causa disso conheciam muitas pessoas, e até hoje quando encontram rememoram esta época. As vezes ela se lembra apenas do lugar, mas não do nome da fazenda. Sempre moraram no bairro Dom Bosco. As famílias dos pais são pessoas simples e humildes, sempre moraram também em fazenda.
Na adolescência foi o tipo de pessoa que gostava muito de estudar, era persistente. Estudou o primário no Waldomiro, depois foi para a Escola Estadual Dr. Álvaro Brandão. Cursou o primeiro ano na estadual, era o básico, já o segundo e terceiro tinha que escolher entre magistério, contabilidade ou científico, e ela fez no Nossa Senhora de Fátima. Estudava pela manhã e à noite e chegou a dar aulas a tarde, recebia o salário com muita satisfação.
Sua mãe queria que ela fizesse o magistério e fosse professora, mas ela não queria, mesmo assim cursou o magistério, combinando com a mãe que faria o magistério a noite e durante o dia faria o científico. Porque a princípio sua mãe não queria que ela estudasse a noite, mas permitiu por ver que ela faria dois cursos.
Tem uma professora do magistério que não esquece, a sra. Marilda, que dava aula de psicologia, um dia ela foi falar com a mãe da Fabiana dizendo para levá-la ao psicólogo, porque ela estava muito, era muito persistente e só falava em passar no vestibular, caso não conseguisse a preocupação era de que ela ficasse muito deprimida.
A mãe falou que não teria problema se ela não passasse. Na verdade, ela acreditava na filha. Ela pensa que o medo de sua mãe era de ela ir morar fora, quando passasse, pois nunca havia viajado para fora da cidade, ou ficado longe da mãe.
Antes de terminar o ensino médio passou no vestibular, em 1997, em duas faculdades, na Unifenas, sendo o curso em horário integral e na Izabela Hendrix, que era apenas noturno.
Na escola Nossa Senhora de Fátima, no final do curso, prepararam uma surpresa para ela. A sra. Marlene, a diretora, ligou pedindo para que ela fosse na escola pois havia tido um problema com suas notas, ela desligou e já saiu chorando, pois já havia passado no vestibular e precisava do certificado de conclusão.
Quando chegou na escola todos os seus professores estavam reunidos e queriam parabenizá-la e agradecer, pois foi a primeira aluna da escola a passar no vestibular de primeira tentativa, a escola convidou os pais dela para serem homenageados no dia da formatura.
Depois veio a preparação para mudança. Havia escolhido ir para Alfenas. Ela já namorava o Valdemir, naquele momento ele disse que se ela fosse estudar fora terminaria o namoro, porque ela iria para muito longe.
No entanto ela disse ao namorado que não desistiria de estudar e fez a mudança ficando lá os quatro anos da duração do curso. Mesmo assim continuaram o namoro e ele acabou sempre viajando para vê-la, pois para ela era mais difícil o retorno a cidade.
No último ano do curso, veio o estágio, era só atendimentos na clínica, pôde atender todas as patologias que precisa para trabalhar, esse era o diferencial da faculdade, e saiu podendo exercer de tudo. Os professores falavam que após o curso os alunos poderiam escolher o que mais gostassem para trabalharem, e a fonoaudiologia é muito vasta.
A primeira escolha foi trabalhar na área da audiologia, e na parte clínica mesmo, foi com a neurologia. Tinha uma professora, a Luciana Fox, que viu algo nela que nem ela mesmo viu, por isso sempre cobrava a mais dela, e conseguiu mostrar o potencial que ela tinha.
A área da neurologia é muito difícil e bem complicada, trabalha com doenças degenerativas, como Parkinson e ELA, também AVCs, traumatismo craniano, até crianças que nascem com alguma sequela neurológica. Mais tarde se apaixonou mais ainda pela área.
Já a escolha pelo curso de fonoaudiologia foi porque aos 12 anos, precisou fazer tratamento fonoaudiológico com a Heliomar, em Lagoa da Prata, pois não tinha em Santo Antônio do Monte. Ia e voltava de ônibus, como o horário da sessão terminava muito antes do horário do próximo ônibus, ela permanecia no consultório.
Por ser muito curiosa pedia a fono para ver os outros atendimentos, e ela dizia que somente se o paciente permitisse, então ela pedia aos pacientes para entrar na hora dos seus atendimentos, pois queria ver como era o atendimento das outras pessoas e o que era feito com eles. Foi assim que ela acabou se apaixonando pela profissão.
A Eliomar foi uma pessoa que a ajudou muito, foi quem mostrou o que é a fonoaudiologia. Fabiana fez estágios com ela quando vinha de férias para Santo Antônio do Monte. Ia para APAE, para as clínicas, não ficava parada, queria aprender cada vez mais.
Concluiu a faculdade em dezembro de 2000, e em fevereiro de 2001 seria a formatura, porém em janeiro ela adoeceu, e não descobria o que tinha, chegou a fazer vários exames. O Dr. João falou que ela tinha algo que precisaria operar e a encaminhou para Divinópolis. Lá descobriu que estava com infecção intestinal e ficou dois dias internada.
No que seria o terceiro dia aconteceria a formatura, e ela queria ir a qualquer custo, mesmo que fosse preciso ir de cadeiras de rodas. Entretanto como havia melhorado acabou recebendo alta. Todavia estava muito fraca ainda, sem comer nada. Quando subiu no palco para receber o diploma os colegas gritaram “doentinha, doentinha” e o reitor disse que ela era uma guerreira.
Mudaram o formato da cerimônia para facilitar para ela, havia enfermeira e ambulância no local, dando suporte, caso ela precisasse. Havia sido uma solicitação de sua mãe. E ela conseguiu participar de quase todos os eventos da formatura. Foi ao baile, ao coquetel, a colação de grau e a missa. Só não conseguiu ir a aula da saudade, porque ainda estava hospitalizada, mesmo assim os colegas fizeram uma ligação no momento e ela falou com eles e com os professores. Foi um sonho realizado.
Dessa vez não precisou fazer a cirurgia, no entanto quando retornou, depois de formada, ela já estava preparando a documentação para começar a exercer a profissão e foi necessário fazer uma cirurgia, pois teve uma apendicite supurada. Foi uma cirurgia grande, ficou muito tempo internada, teve que colocar dreno, ficou debilitada.
Quando ainda estava convalescendo recebeu um convite da APAE. A Eliomar saiu da APAE de Santo Antônio do Monte e foi para Lagoa, e indicou ela para assumir sua função. Mesmo não podendo assumir naquele momento, eles se disponibilizaram a esperar até ela melhorar. Então ela não montou sua clínica na época. E trabalhou lá por 18 anos, e tem um amor muito grande pela instituição, pelos colegas e pelos pacientes.
Depois que saiu da APAE, abriu o consultório dela, pequeno ainda e depois foi crescendo com os atendimentos. Trabalhou também com o Dr. Vicente Bolina por 10 anos. Saiu para assumir a chamada de uma seleção da prefeitura que havia passado. Depois sua mãe adoeceu e precisou encerrar o contrato antes do tempo. Voltou a trabalhar com o Dr. Vicente Bolina já há uns 3 anos. Ela faz as audiometrias funcionais das fábricas de fogos.
O maior desafio que encontrou foi o de começar, ser uma nova profissional no ramo, e por ela ser muito nova, Fabiana tinha apenas 22 anos de idade. No início é difícil as pessoas acreditarem no seu trabalho. Com o passar dos anos é que foram percebendo seu profissionalismo, os próprios pacientes foram divulgando e ela foi crescendo como profissional.
Na culinária gosta de cozinhar, fala que sua mãe era cozinheira de mão cheia. Tem uma ajudante em casa que passa sua roupa e ela sempre comenta que sua comida é muito cheirosa… no início perguntou se ela cozinhava tão bem quanto a mãe.
Seu filho uma vez perguntou ao avô se a comida da sua mãe era tão boa quanto a da avó e seu pai confirmou que sim. Sua mãe era muito prendada, fazia muitas coisas na cozinha, bolos, biscoitos, pão de queijo. Ela Gosta de receber as pessoas em casa, adora uma mesa posta e bonita.
Uma viagem inesquecível foi para Gramado, na lua de mel, lugar lindo, mágico, com pessoas muito especiais. Dá vontade de ficar morando. Conheceram um casal e ficaram amigos, eles são de Aparecida do Norte e quando viaja para lá visita estes amigos.
A mensagem que deixa para os jovens ingressando no mercado de trabalho é para acreditarem neles mesmos, no seu futuro, buscar, tentar e não desacreditar. Buscar ser uma pessoa melhor e fazer o que se ama.