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Estrada de Ferro Oeste de Minas

A Revolução Liberal de 1842, teve como polos principais dos revolucionários a Província de Minas e a de São Paulo. Em Minas, após várias batalhas e vitórias dos revoltosos, a revolução foi finalmente sufocada na Batalha de Santa Luzia, em que as tropas imperiais tiveram como comandante o General Barão de Caxias. Essa revolução arrasou o Engenho Velho de Cataguás (berço da Família Resende). E provocou a debandada da Família Resende.
Em 1878, com a subscrição de quatro mil contos de réis, levantados por empresários de São João Del Rey, fundaram a Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas. A estrada de ferro chegou em São João Del Rey em 1880.; A bitolinha, o espaço entre os trilhos era de apenas 0,76 cm, construíram mais de 600 Km de extensão. A locomotiva chegou a Divinópolis em 1890, voltando o olhar para a região – “o sertão” – a terra prometida, onde jorra leite e mel.
Os Resende foram fundamentais na construção de Lagoa da Prata e de toda a região. Capitão Geraldo Ribeiro da Silva Rezende, seus descendentes engrandeceram nossa história.
No final do século XIX, andar de trem era uma aventura! Dois dias de viagem de Divinópolis a São João Del Rey, muitas vezes os passageiros tinha que dormir em Oliveira.
Agora imagina a saga de sua construção!

Matas fechadas sendo derrubadas a machadada, abrir uma estrada no meio da mata, contornar uma serra ou escavá-la até sair do outro lado, os túneis. Construir pontes, enfrentando violentas correntezas. A dificuldade para transportar o material necessário para a construção da estrada. Montar uma serraria numa ladeira, transformar uma árvore em dormentes por onde o trem correria, os galhos sendo aproveitados na fornalha para aquecer a água da caldeira. Montar um galpão, o carapina confeccionar os vagões de madeira. O ferreiro soldar os trilho usando o processo de caldeamento.
Enfrentar as doenças: Malária, febre amarela, doença de Chagas.
Urias era “cavouqueiro”, serviço bruto e perigoso, exigia força e disposição física. A picareta, seu instrumento de trabalho, manejava-a com extraordinária eficiência. Em terreno acidentado, os cortes de rebaixamento eram mais profundos e operação mais perigosa. Provocava-se o desmoronamento de um bloco de terra mediante aberturas de cavidades em suas laterais e na parte frontal inferior. O desprotegido operário corria, então, o risco de ser ser sepultado vivo pela massa de terra que, de repente, se deslocava de sua base.

A plataforma de embarque e desembarque era uma ruidosa festa! Um misto de alegria e tristeza. Alegria por quem chega e tristeza por quem parte, ou por quem deveria ter vindo e não chegou. Por ela passaram autoridades, pessoas simples, nobres, operários, soldados indo ou vido de revoluções, civis indo ou os que puderam voltar da 2ª Segunda Guerra Mundial. Alemães em busca de paz e o regresso em busca de novos horizontes. Mercadorias essenciais e supérfluas. Ia a nossa matéria-prima, voltava o objeto de desejo. Os ferroviários e os passageiros traziam as últimas notícias, boas ou ruins, às vezes aumentadas e levavam as daqui. As correspondências do correio iam e viam. Os jornais e as revistas, o movimento do banco. O combustível dos veículos, o querosene para as lamparinas. Os homens elegantemente vestidos de terno e chapéu, outros simploriamente. As senhoras e senhoritas de saia ou vestido, algumas de chapéu e sombrinha. Se estivessem de preto, estariam de luto. Os padres só andavam de batina. Os cavaleiros eram gentis, carregavam as malas e cediam o assento para as damas.
Havia uma áurea de romantismo. A locomotiva era um relógio suíço que não se atrasava. Alguns senhores apressados chegavam a plataforma com suas malas de papelão ou de couro, envolta em um pano branco para que a fuligem não as queimasse. Os casais de namorados e a eterna despedida. Um menino mais levado se perdia na confusão. Um cachorro insistia para entrar no vagão, outros corriam atrás do trem.


A charmosa locomotiva, americana, saía de Divinópolis ou São João Del Rey, na Praça da Estação.
“Café com pão, manteiga não!” Um apito sonoro, longo… A fumaça que saía da chaminé ia formando nuvens no céu de brigadeiro. Em dia nublado, as nuvens espessas, se condensavam com a fumaça. Esses artigos estão nos livros: Bom Despacho 300 anos: Homens que a construíram – Tomo I, II, III e IV.

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Fernando Humberto

Fernando Humberto

Filiação: Geraldo Ribeiro de Resende e Zilah Gontijo Resende.

Nasceu em Bom Despacho no dia 04 de outubro de 1963.

Casado com Edna Aparecida Espírito Santo Resende, tem uma filha: Naira do Espírito S. Resende, Bibliotecária.

Em 2013 lancei o livro: “A Saga dos Resende & Gontijo”: Dia 09 de novembro em Goiânia – GO – 130 pessoas, dia 13 de novembro em Bom Despacho – 130 pessoas, dia 21 de novembro em Santo Antônio do Monte – 75 pessoas, dia 28 de novembro em Lagoa da Prata, dia 04 de dezembro em Luz – 40 pessoas e dia 12 de dezembro em Moema, dia 13 de março de 2014 em Divinópolis, 25 de julho de 2014 em Vitória – ES. Em setembro de 2014 em Brasília – DF Em todos os eventos foi servido um lanche, minha esposa Edna Aparecida do Espírito Santo contou uma história do livro. No dia 22 de setembro de 2017 tomei posse na Academia Bom-Despachense de Letras, cadeira número 25, cujo patrono é o escritor Mário Marcos de Morais.

Em 2018, assumi o cargo de tesoureiro da referida Academia..

Em 01 de junho de 2018 fiz a Sessão de Autógrafos dos livros: “Bom Despacho 300 anos: Homens que a construíram”- Tomo I, II, III e IV, na Câmara Municipal de Bom Despacho, para noventa pessoas.

Participei da 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo Foi o livro destaque da Feira Literária de Divinópolis – FLID/2018. No dia 29 de maio de 2019, ministrei uma palestra aos discentes do Pré Vestibular Tipura, em comemoração aos 107 anos de emancipação político/administrativa de Bom Despacho. No dia 05 de junho de 2019, recebi Voto de Congratulações, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.Currículo